Revirando a memória manuscrita, achei esse texto. Ele foi escrito antes de eu entrar para o mundo acadêmico e traz uma ingenuidade e um cuidado tão especial que resolvi postá-lo. [Acho que é isso que me faz ficar tão intrigado e apaixonado por ele...]
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Um retrato de verão
Sol. Praia. Verão. Janeiro, Rio de Janeiro. Na cidade Maravilhosa tudo acontece. Aqui, onde o Astro Rei é mais intenso e a batucada é fonte de alegria para vidas mesquinhas e para sofridas, a mancha se veste de metal e realiza façanhas.
Força o rico a entrar às 20h, o pobre a dar o que tem; o homem a participar de um mercado paralelo e negro, a mulher a sofrer as dores de uma maternidade solitária e incerta. Corre! A polícia tá chegando!!! É... o Rio já foi bem mais calmo... Meu filho, aonde estás? Talvez num beco imundo sofrendo por um grama de pó. Pueira...
O governo não manda aqui, o rei do tráfico também não. O DESEJO É O QUE AQUI IMPERA. Desejo de fuga ilegal pelos meandros da nossa irresponsável autoridade que, ao invés de formar pessoas, impele os mais esperançosos para o fundo da prostituição.
Notícia: morto mais um pelas mãos do Chefão. O que me importa? Deveria ser um bandido - o pobre atingido pela bala perdida. Para que lutar pelo fim da violência se a cidade ainda está linda? Linda como uma rosa desidratada. Mas isso é problema deles. Eu vou tomar meu Sol. Praia. Verão. Janeiro, Rio de Janeiro.
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Um abraço a todos e até.
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